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sábado, 4 de maio de 2013

Diálogos - Veg(etari)anismo

Acabei de encontrar esses dois diálogos
 no Facebook e gostei muito.Vale a pena ler!

 

I -



-Eu te respeito, só não concordo.

-Não concorda com o que?

-Com essa sua mania de defender animais.

-Por quê?

-Porque eu acho que tem coisas mais importantes com que me preocupar.

-É difícil definir qual tipo de respeito é mais importante ou mesmo se outras prioridades da vida podem me impedir de tentar fazer o meu melhor, especialmente em questões de conduta, do dia a dia. Além disso, não são excludentes e respeitar animais é algo bem simples.-Mas eu não vou gastar nem um tostão pra cuidar de um cachorro. Enquanto crianças passam fome eu quero mais é que os cachorros morram.

-Que bonito da sua parte… E não são só os cachorros, que realmente precisam de algum tempo de dedicação, embora nem se compare com a dedicação necessária a uma criança (fora que você pode adotar uma criança e um cachorro). E eu só te pedi pra conversar com essa sua conhecida que vende os cachorros, pedindo pra castrar.

-Ela está ganhando o dinheiro dela, ela é pobre.

-E alimentando um problema que reflete nos animais, em proterores como eu e minhas amigas e até em questões de saúde pública. Fora que nem é a única fonte de renda dela.

-Mas eu não vou falar.

-É melhor que o cachorro morra do que tentar impedir que eles continuem nascendo?

-Não vai adiantar nada.

-E por que ela é pobre ela é desprovida de raciocínio e por isso você nem tenta?

-Não é isso.

-É o que?

-Não vai adiantar, não vou falar.

-Sei… Aliás, quantas crianças você ajudou nesse ano?

-Nenhuma, mas sou uma pessoa honesta, eu trabalho, não roubo nada de ninguém.

-E por acaso eu sou diferente nisso?

-Não.

-De novo, você foge do assunto como se fossem questões incompatíveis. Até porque eu não sei se você notou que quando eu ajudo uma protetora eu ajudo uma pessoa que tem uma série de necessidades também, não só os animais. Algumas bem básicas. E também me preocupo com questões sociais, políticas, ambientais. Aliás, nada te impede – sem gastar nem um tostão a mais – de parar de comer pelo menos carne.

-Faz parte da cadeia alimentar.

-Cadeia alimentar não tem agricultura, pecuária, logística de distribuição. Cadeia alimentar não tem sequer racionalidade e questões culturais de como servir um alimento. Além disso, consumir vegetais é mais eficiente do ponto de vista energético. E eu vivo muito bem sem comer carne, ovo, leite… Cadeia alimentar estranha, essa, que aceita que se saia dela sem problemas.

-Não tem nada demais comer carne.

-Só porque a maioria faz isso?

-É.

-Belo argumento, mas eu queria deixar a discussão menos subjetiva e mais objetiva. Você sabe por que eu faço isso?

-Você tem dó dos bichos.

-Dó, não. Você sabe muito bem que dó é um sentimento próximo demais ao desprezo e não é isso que eu sinto por animais. Eu respeito direitos deles, pela natureza deles. Não pelo uso deles e sequer por questões de proximidade.

-Vou continuar fazendo o que eu quero.

-Eu também faço o que eu quero, mas pelo menos eu sei porque eu faço certas coisas e outras não.

-Você não salva nenhum animal sendo vegetariana, eles continuam morrendo.

-Você não impede ninguém de ser assaltado e nem por isso sai roubando pessoas. Eu não quero fazer parte desse ciclo, eu parei de alimentar esse ciclo. E ainda tento passar a idéia pra frente. Quanto menos gente comer carne, menor a demanda, é lógica comercial pura e simples. Minha responsabilidade é essa, não com o resultado direto.

-Tanto faz.

-Quantos textos meus você leu?

-Nenhum.

-Você sabe que eu escrevo sobre isso, certo?

-Você também não leu nenhum texto meu.

-Você escreve sobre técnicas específicas, de uma profissão específica, numa revista só pra profissionais da área. Eu escrevo sobre questões bem mais abrangentes, dia a dia, vida, hábitos. Você tem condições de entender e colocar em prática o que eu escrevo.

-Tenho mais o que fazer.

-O que você sabe sobre direitos dos animais?

-Nada.

-E como você respeita aquilo que não conhece?

-Eu não te impeço de fazer.

-Acho que você só finge que eu não existo.



II -



-Então, você é vegetariana.

-Sou. De verdade, eu sou vegana.

-Ah, que bacana, respeito muito o que você faz. Já tentei ser vegetariano, mas é muito difícil.

-Acho que só é difícil se você não entende porque está fazendo aquilo, se isola e não busca as alternativas que já existem. Senão, é só uma questão de escolha.

-Mas pessoas assim estão num nível de evolução diferente, a humanidade ainda é muito atrasada.

-É um problema sério identificar um erro e insistir nele… No mais, já disse, não tem nada a ver com “evolução”. Não da maneira como você vê evolução.

-Mas nem todo mundo é como você.

-Continuo sendo humana e cheia de defeitos. Você fala como se eu fosse o Novo Buda ou qualquer coisa assim.

-Não é isso.

-Não?

-Não.

-Então o que é?

-Nem todo mundo tem essa força de vontade.

-Então é uma questão de vontade e não de evolução espiritual?

-Não é bem isso. É difícil fazer a coisa certa sempre.

-Não quer dizer que não deva tentar e insistir pra fazer a coisa certa. De novo, é uma questão de vontade.

-Mas eu adoro carne, não sei viver sem. É mais fácil largar carne quando você não gosta.

-De quem você está falando? Eu comia carne, ovos e leite em quantidades das quais eu não me orgulho… Não nego nem que eu gostava.

-Mas nem todo mundo gosta de salada. Tem quem não consiga ser saudável com alimentação vegetariana.

-Eu aprendi a comer salada. Como qualquer pessoa que se preocupa um pouco com a alimentação. O que não quer dizer que eu só coma salada; comida vegetariana tem inúmeras possibilidades. Além disso, qualquer nutrólogo sério e com dados científicos confirma pra você que a dieta vegana pode ser adequada para qualquer um; aliás, é recomendável e tem vantagens. Pessoas comendo batata frita e alface com certeza vão ter problemas; tanto quanto quem vive de x-burguer e milkshakes.

-De qualquer maneira, você tem que ter um pensamento mais sutil.

-Você tem que ter um pensamento mais responsável e consciente. E ter um pouco de força de vontade. Qualquer mudança precisa de vontade, vegetarianismo não é exceção.

-Eu conheço um monge budista que diz que precisa de carne de vez em pra não se desconectar da Terra.

-A vida tem problemas suficientes pra você conseguir se estressar com outras coisas sem sobrecarregar um animal com isso. Portanto, só desculpa pra comer carne.

-Você não pode falar de quem você não conhece.

-Posso falar de condutas. Não tive visões, não fiz esforço sobre-humano. Não sou iluminada e tenho vários defeitos. Tenho também meu lado espiritual. Só não acho que animais tenham que pagar por isso.

-Eu não me sinto culpado comendo um animal ou seus produtos. Isso não é imoral.

-Sua percepção da moral está vinculada a uma cultura que ainda não entendeu de maneira ampla que o animal é um indivíduo portador de direitos atinentes à sua natureza. Um animal senciente e com claro instinto de sobrevivência e liberdade merece ter seus diretos básicos respeitados. Se não é uma questão de sobrevivência é uma questão de escolha, e por isso cabe o questionamento ético. Esse é o único tipo de evolução, ou melhor, de percepção que falta à maioria das pessoas. O que não quer dizer que o animal não sofra as conseqüências.

-Mas o animal nem sabe disso.

-A pessoa ou animal que está sendo respeitado não precisa saber disso. Não precisa sequer ter condições de entender isso algum dia. Quem tem que saber que respeita é você.





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